Judoca de Taboão da Serra foi campeã do peso pesado (+70kg) dos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024

Imagina ter seu ídolo assistindo você ser campeão na maior competição multiesportiva nacional para jovens de até 17 anos? Caroline Ohonishi teve esse privilégio nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024. A paulista de 14 anos foi campeã do peso pesado (+70kg) diante da atual campeã olímpica do peso pesado, Beatriz Souza, uma das embaixadoras do evento que reúne mais de 4 mil jovens atletas de 26 Estados e do Distrito Federal na capital paraibana até 28 de novembro.

“Eu me inspiro muito nela, principalmente pelo jeito calmo de ela lutar e o jeito simpático e meigo dela com as pessoas. Acho que ela inspira muita gente por ser carismática e simpática e, dentro do tatame, ser uma guerreira”, comenta Caroline, que recebeu a medalha das mãos da própria Bia Souza.

No tatame, a jovem judoca de Taboão, em São Paulo, se assemelha à postura calma da ídola Bia Souza, ao mesmo tempo que mantém a perseverança vista na campeã olímpica em ação. O resultado foi a conquista da medalha de ouro no individual feminino na categoria +70kg e de outro ouro por equipes, com São Paulo, na primeira participação de Caroline nos Jogos da Juventude.

As semelhanças não param por aí. No início da carreira, Bia Souza também competiu nos então Jogos Escolares da Juventude. Na edição de 2011, ela conquistou ouro no individual e bronze por equipes, representando São Paulo. Passados 13 anos, a agora medalhista olímpica voltou como embaixadora do evento e distribuiu autógrafo, posou para fotos, conversou com atletas e pendurou algumas medalhas no pescoço dos novos talentos do judô brasileiro.

“Fiquei extremamente feliz de estar nos Jogos da Juventude. Eu passei por tudo isso, sei como é e o quanto é importante ter uma medalhista olímpica aqui, no meio da galera. Recebi muito carinho e fiquei na torcida, principalmente pela galera do judô”, disse Bia Souza, embaixadora do evento em João Pessoa.

Renovação promissora no peso pesado

Alvo da Confederação Brasileira de Judô para identificação de novos atletas, os Jogos da Juventude ganharam uma importância ainda maior para os talentos do país neste ano. O evento organizado pelo COB passou a integrar a primeira etapa do processo classificatório para o Mundial de Judô Sub-18, que será em agosto de 2025.

Thiago Valladão e José Olívio, treinadores da seleção brasileira de judô sub-18, acompanharam todas as lutas como observadores técnicos do COB. Eles ressaltaram a renovação promissora dos judocas de até 17 anos das categorias mais pesadas.

“O ponto que mais me chamou atenção foi ver uma evolução no feminino, em que atletas do peso pesado fizeram mais trabalho de ne-waza (técnica de solo). Antes, víamos as categorias mais leves usarem essa técnica, mas aqui na competição as judocas do peso pesado usaram bastante. As duas finalistas, por exemplo, ganharam quase todas as lutas no chão”, analisa José Olívio.

Segundo o treinador, o uso maior da técnica de solo pelas judocas do peso pesado é uma característica bem alinhada com a tendência internacional. Por isso é um ponto importante de evolução. “Vemos que as judocas brasileiras que estão tendo uma rodagem internacional trazem a característica para cá”, completa José Olivio.

“O peso pesado realmente não é um peso que tem muita luta no chão. Mas, no meu clube Paineiras, treinamos ne-waza e transição duas vezes por semana. Hoje, eu faço até um treino mais específico para mim, que o meu Sensei me passa”, conta Caroline, campeã do peso pesado dos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024.

Vice-campeã do peso pesado também na primeira participação nos Jogos da Juventude, a carioca Ágatha Paixão começou sua trajetória nos tatames pelo jiu-jítsu, aos 4 anos, com o pai Júlio Paixão e o técnico Fabrício Araújo. Apenas aos 10 anos, ela foi para o judô. “Por isso, sempre que estou na luta de judô, eu tento ir para o ne-waza. Nem todas as judocas pesadas têm o ne-waza, então é um diferencial saber usar essa técnica de solo”, avalia Ágatha.

No masculino, a categoria até 90kg apresentou uma renovação para ficar de olho, com destaque para Cesar Godoy, campeão individual e por equipes com São Paulo; Anthony Albano, prata pelo Paraná; e Gelson Kicken, bronze individual e prata por equipes com o Rio de Janeiro. Os observadores técnicos do judô também adestacaram Carlos André Pinheiro, do Amapá, prata na categoria até 81kg; e Miguel Decoté, do Espírito Santo, prata na -73kg, pela característica física.

“Nesse estágio de juvenil, chama atenção quando vemos um atleta que tem poder de pontuar, de decisão, ou seja, que consegue derrubar o adversário, fazer trabalho de ne-waza. Porque o atleta que é pontuador tende a ter uma projeção mais interessante quando tem acesso a competições internacionais. Os nosso medalhistas olímpicos são judocas pontuadores. Lógico que a tática é importante, mas na hora que o sapato aperta, ele consegue fazer gol”, explica Thiago Valladão.

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